A Manuela dos Cacos estava ao balcão do seu estabelecimento a polir a cabeça de um romano de casquinha, quando entrou, sorrateiro, um meliante conhecido, de farta cabeleira desgrenhada e sobretudo largo, coçado, que lhe perguntou, disparatadamente, se tinha faiança de porcelana.
A Manuela ficou atenta e viu que ele meteu debaixo do sobretudo um galheteiro de prata e uma estatueta de marfim com embutidos em madrepérola.
Disfarçadamente, a Manuela aproximou-se da porta onde tem o expositor de bengalas, pegou numa que lhe pareceu mais robusta e esperou que ele saísse.
«Quer levar as peças? Então o preço é este!», disse ela, enérgica, ao mesmo tempo que o fustigava com duas bengaladas nas costas. “Se o tribunal não te fizer nada, dessas já não te safas!!!».
O homem largou as peças, fugiu a correr e ouviram-se palmas do Paulo Rinodente que, à porta, tinha assistido ao acto heróico da Manuela.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Ah! Mulher dum catano!
«Ainda bem que não passou por aqui o cortejo de carnaval», disse, contente, a Manuela dos Cacos. «Se não eu tinha vendido as bengalas todas e agora não tinha podido defender o que é meu». Ler tudo aqui
1 comentários:
...adoro ler estas estórias, admiro as mulheres com fibra a defenderem o que é seu.
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