quarta-feira, 3 de março de 2010

Poesia e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém... I

E a pedido de muitas famílias, é chegado o momento de se criar neste interessantíssimo Conclave um espacinho para a Poesia...

Sim, bebi,
Bebi muito…
Bebi tanto que fiquei com sede…

Cada traço que pintei,
Cada cor que desejei
Ver na tela do futuro,
Eu bebi,
Pela taça que seguro…
Vazia…
Não soube guardar,
Não soube dar a provar,
Tal era o prazer de beber… sozinho…

Sim, bebi.
Bebi demais…
Bebi aquilo que jamais
Poderei ver renascer…

Embriaguei-me com as saudades
De tudo aquilo que não fui…
Bebi sonhos e vontades.

Circula furiosamente
Por este corpo amargo e quente
Cada gota do que bebi.
E sim! Queima!
Queima e tenho mais sede!
Queima e corrói a alma!
Fervilha num frenesim,
Quer voltar àquela taça
Para que outro o não beba
De uma só vez, até ao fim.
Para que outro o sirva
E tempere com ele a vida.

Sim, bebi.
Bebi muito,
Mas não lhe senti o sabor…

E para apagar esta sede
Correm agora, apressadas,
Estas lágrimas pelo rosto,
Ironicamente salgadas…


A.R.

2 comentários:

Henrique Ferreira disse...

Ângela,

Gostei muito!

No entanto reparei que andas muito "pinga" amor, mas não vale a pena chorar...! lol

Ângela disse...

Obrigada! =D

Mas pinga-amor?! xD
A minha intenção colocada no poema nada tem a ver com amores e desamores... Aliás, é um tema sobre o qual não me agrada escrever... lol...
Mas assim se vê a magia da poesia: a infinidade de interpretações coerentes a que pode levar, havendo apenas uma única, encerrada em cada letra de cada verso, originalmente pensada pelo autor... =D