Hoje enquanto passeava a minha cadela fui abordada por um senhor que me perguntou se ela era da raça labrador, ao que eu, obviamente respondi que não. Quem me conhece sabe que a minha cadela é uma rafeirinha com alguns traços de pastor alemão, o que só demonstrou que o senhor, embora muito simpático e interessado, nada percebia de cães. Até aqui tudo bem.
O que me surpreendeu foi o desenrolar da conversa. A sua preocupação em saber a raça da cadela devia-se ao facto de lhe terem arranjado um labrador ainda bebé, que ele aceitou prontamente, sem nunca sequer ter visto um adulto nem imaginar o tamanho que iria ter quando atingi-se a maioridade... E que quando lhe começaram a explicar o tamanho que iria ter, começou a ficar seriamente preocupado porque não queria um cão grande...
Ora e agora pergunto eu: como é que é possível adoptar ou comprar um cão que não se sabe sequer o tamanho que vai ter, quando ainda apor cima isso é um factor importante para a pessoa??!!! O que me leva uma vez mais ao artigo que publiquei anteriormente sobre problemas comportamentais e abandono, onde refiro que a maior parte dos animais que são abandonados, são fruto de adopções por impulso ou problemas comportamentais não resolvidos.
As adopções por impulso são um verdadeiro problema cultural e acontecem com uma frequência demasiado excessiva. Habituados a ter coisas que desejam no momento, muitas pessoas acabam por adquirir uma data de coisas que futuramente não irão dar valor ou usufruir. O mal está quando o que adquirem é um animal. Levam casa um animal simplesmente porque lhes pareceu lindo e adorável (e ter um animal de estimação até é "giro"), mas não reflectiram bem sobre as implicações que acarreta ter a seu cargo um ser vivo que depende de nós para a sua sobrevivência e bem-estar. E quando o animal cresce e perde a "gracinha", quando começa a ficar "grande demais", ou quando a paciência já não dá para o "aturar", começa a ser um "problema e um estorvo que tem de ser resolvido", dê por onde der...
Digo e volto a repetir: adoptar um animal é um acto de responsabilidade. É assumir um compromisso até ao fim de vida desse animal sendo por isso mesmo uma decisão com consequências a longo prazo e que deve ser bem ponderada. Deixar um animal num abrigo, num canil ou na rua não uma solução para a sua precipitação. Mais, quem conhece a realidade da rua e dos canis poderá confirmar e concordar que são lugares onde nenhum ser vivo deveria ir parar... Um animal não é uma pessoa, mas é um ser vivo com personalidade, sentimentos, emoções e dependências. Precisa do dono para se sentir bem física e emocionalmente.
3 comentários:
se ainda é pequeno, por acaso esse senhor não quer doar esse cão?
gostaria muito de arranjar um...
Sim, ainda era bebé. Mas não tenho mais contacto com o senhor em questão...
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