sábado, 5 de junho de 2010

Poesia e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém... III

Doce traidora...


Paira no ar um odor gelado

Que repele a brisa do eterno segredo,

Foge a força que me apraz

E que me afasta do degredo…

Espero por uma espécie de paz

De que sempre tive medo.

Ela chega,

Deslizando suavemente,

O coração frio e a mão quente

De quem não sente o que causou.

Silencioso sussurro que me arrepia a alma

E com palavras mudas acalma

Aquilo que encontrou.

Sorri-me maldosamente

Com seu rosto puro e natural

Numa alegria descomunal.

Ah! Doce paz envolvente!

Entrego-me inteiramente

À saborosa traição,

À divina tentação.

Será fraqueza ou não

O que faço, inconscientemente?

Ela abraça-me ainda mais

Para jamais me largar

E consigo me levar

Para junto dos demais…

Que sorriso delicioso,

Naquele preciso momento

O seu rosto me mostrou

E com um doce beijo maldoso,

Que em nada era piedoso,

Acalma a alma que já roubou…

A.R.



6 comentários:

Tânia Carvalho disse...

Ai a morte...
Muito bom Angela... Parabéns...

Ângela disse...

É... a leveza da morte... a morte quase como que o derradeiro prazer/alívio...

Obrigada! ;D

Henrique Ferreira disse...

Uma memória viva, do passado bem vivido, transmite-nos sempre sentimentos deste tipo!

Adorei!




Ângela e Tânia.
(as nossas mulheres dos chapeuzinhos (^) lol),

Depois de ler os V/ comentários, não consigo descortinar nenhum sinal de morte!

Mas sim, sinais de vida... e ainda bem presentes! Será amor, ângela??? ou desgosto Tânia??? LOL

Carla Dias disse...

Muito bom Angela.

Ângela disse...

Carla e Henrique, obrigada!! ;D ;D

Henrique,

a interpretação por mim dada ao poema é mesmo sobre a morte... (Desculpe lá a persistência! lolololol) Sobre o exacto momento em que a morte rouba a alma a troco do prazer que é deixar a alma fugir ao sofrimento do corpo... aquela traição da morte que se deleita com a nossa inocente fraqueza de tão facilmente nos desprendermos da vida... Na altura em que fiz o poema questionei-me e intrigou-me esta perspectiva da morte como um prazer...
Mas mais uma vez digo que a beleza da poesia está em deixar cada pessoa diferente jogar com as palavras... o mesmo poema pode causar em cada um diversas interpretações consoante as suas vivências e estados de alma!! =D =D

Tânia Carvalho disse...

Henrique...
Achei imensa graça ao facto de além de interpretar o poema ter tentado interpretar as nossas interpretações...
Estou com a Ângela, cada pessoa interpreta cada poema de forma particular, no fundo é isso a poesia, no entanto, é óbvio que os estados de espírito e experiências condicionem o significado que damos às coisas...
Agora respondendo-lhe... Talvez ;)