Doce traidora...
Paira no ar um odor gelado
Que repele a brisa do eterno segredo,
Foge a força que me apraz
E que me afasta do degredo…
Espero por uma espécie de paz
De que sempre tive medo.
Ela chega,
Deslizando suavemente,
O coração frio e a mão quente
De quem não sente o que causou.
Silencioso sussurro que me arrepia a alma
E com palavras mudas acalma
Aquilo que encontrou.
Sorri-me maldosamente
Com seu rosto puro e natural
Numa alegria descomunal.
Ah! Doce paz envolvente!
Entrego-me inteiramente
À saborosa traição,
À divina tentação.
Será fraqueza ou não
O que faço, inconscientemente?
Ela abraça-me ainda mais
Para jamais me largar
E consigo me levar
Para junto dos demais…
Que sorriso delicioso,
Naquele preciso momento
O seu rosto me mostrou
E com um doce beijo maldoso,
Que em nada era piedoso,
6 comentários:
Ai a morte...
Muito bom Angela... Parabéns...
É... a leveza da morte... a morte quase como que o derradeiro prazer/alívio...
Obrigada! ;D
Uma memória viva, do passado bem vivido, transmite-nos sempre sentimentos deste tipo!
Adorei!
Ângela e Tânia.
(as nossas mulheres dos chapeuzinhos (^) lol),
Depois de ler os V/ comentários, não consigo descortinar nenhum sinal de morte!
Mas sim, sinais de vida... e ainda bem presentes! Será amor, ângela??? ou desgosto Tânia??? LOL
Muito bom Angela.
Carla e Henrique, obrigada!! ;D ;D
Henrique,
a interpretação por mim dada ao poema é mesmo sobre a morte... (Desculpe lá a persistência! lolololol) Sobre o exacto momento em que a morte rouba a alma a troco do prazer que é deixar a alma fugir ao sofrimento do corpo... aquela traição da morte que se deleita com a nossa inocente fraqueza de tão facilmente nos desprendermos da vida... Na altura em que fiz o poema questionei-me e intrigou-me esta perspectiva da morte como um prazer...
Mas mais uma vez digo que a beleza da poesia está em deixar cada pessoa diferente jogar com as palavras... o mesmo poema pode causar em cada um diversas interpretações consoante as suas vivências e estados de alma!! =D =D
Henrique...
Achei imensa graça ao facto de além de interpretar o poema ter tentado interpretar as nossas interpretações...
Estou com a Ângela, cada pessoa interpreta cada poema de forma particular, no fundo é isso a poesia, no entanto, é óbvio que os estados de espírito e experiências condicionem o significado que damos às coisas...
Agora respondendo-lhe... Talvez ;)
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