terça-feira, 25 de maio de 2010

A Maria tem um sonho...

... e hoje são raras as pessoas que sonham verdadeiramente! Há que apoiar e preservar pessoas assim! A Maria é autora do delicioso blogue Made in Lisbon e, mais recentemente, do Take us to Bruges. Dispensem, portanto, um pouco da vossa atenção a estes três textos da Maria:

« Eu tenho um projecto, I have a project, j'ai un plan, tengo un plano...


… ou, dito de outra forma, I have a dream que, para já, passa por Bruges, mais concretamente pelo College of Europe [isto dito assim, caraças, até parece uma cena toda pipi]. Acontece que um Master of Arts in EU International Relations and Diplomacy Studies lá em Bruges é coisa para me deixar penhorada por sete gerações [no mínimo]. Ora como eu não tenho onde cair morta [trabalho para o Estado, está tudo dito!] e estou longe de vir a herdar o que quer que seja, não me resta outra alternativa que não seja vender o recheio da casa. Portanto preparem-se, pessoas! Para além de livros, cds, colchas bordadas à mão, carteiras, frigideiras e panelas, tachos quase a estrear, serviços de loiça, copos e jarros, cristais e porcelanas, isto vai começar a parecer a Feira do Relógio. Preços amigos do cliente, artigos em belíssimas condições [como novo, senão mesmo a estrear], tudo na base da bela da transferência bancária para uma conta destinada para o efeito. O projecto, esse, chama-se: Take us to Bruges [eu e ao gato, of course!] e eu sei que vocês são bem capazes de me ajudarem a lá chegar.
* Se quiserem ser solidários agradece-se a divulgação. Bem Hajam.


Eu tenho um projecto, I have a project, j'ai un plan, tengo un plano - Take II...

Oh pessoas, I have a dream mas eu não me drogo. Acresce o facto de que sou proprietária de um modesto T2 e tenho um descendente a cargo [mi gato mais lindo]. Vai daí que no money no clown, mais conhecido por não há dinheiro não há palhaço. O plano para já passa por vender o maior número de coisas possível [passem a palavra, pá, passem a palavra], arranjar patrocínios [oh para mim a caminho do colégio com uma T-shirt toda sexy a dizer Sonasol Take us to Bruges], jogar todas as semanas no totoloto e, depois, fazer contas à vida: candidatar-me à bolsa de estudos, pedir licença sem vencimento e decidir nessa altura [que pode ser daqui a um ano ou daqui a dez] se vendo ou não a minha casa. Neste momento já foi aberta uma conta bancária para o efeito e vai ser criada aqui uma página com as relíquias que vão estar disponíveis e as regras. Eh pá e não me venham cá com a conversa do não tenho espaço e o catano: há sempre um sobrinho que tem um primo que tem um amigo cuja mãe da namorada, enfim, vocês sabem. Quem quiser ajudar, só tem que divulgar [blogues, Facebook, twitter, folhetos na caixa do correio da vizinhança, whatever…]. Eu e o gato agradecemos. Já estou a ver aqui o nome do tasco: Made in Bruges [lindo, pá!]

O meu sonho tem um nome

Explicar a razão de ser de um sonho que acalentamos desde criança é quase tão complicado quanto explicarmos a essência de que somos feitos. Eu nunca quis ser polícia, artista de circo, super-herói. Nunca partilhei as vocações dos outros meninos porque eu, desde que me lembro se ser gente, que digo que quero correr o mundo. É este o meu sonho: correr o mundo. Lembro-me de as pessoas comentarem que eu era uma menina com a mania das grandezas e de os meus pais responderem “isso passa-lhe!”. Lembro-me do primeiro Atlas que o meu avô me ofereceu e de me ensinar os nomes dos países. Lembro-me de a Professora Manuela, no liceu, dizer que eu daria uma belíssima médica e de na Faculdade se fazerem apostas em como seria a primeira do grupo a ascender à magistratura. Lembro-me de a minha avó me dizer que de um sonho não se desiste, não se abre mão, custe o que custar e leve o tempo que levar.

Hoje, continuo a acalentar o mesmo sonho com a vontade redobrada de quem investiu e investe tudo o que tinha e tem nele! Toda a formação, todo o dinheiro, todo o tempo, o melhor de mim, mesmo nos momentos em que parece que nada faz sentido e em que equacionamos se não seria mais fácil, menos duro, sonhar outra coisa qualquer. O meu sonho tem um nome. Chama-se ONU e um dia, um dia, eu hei-de cumpri-lo…

***
Pessoas do meu blogue: no dia em que entrei em minha casa tinha um colchão no chão, uma televisão do tempo da II GM e os meus livros. Durante muito tempo, os caixotes onde os tinha guardados serviram-me de mesa de refeições, de secretária, de banco, enfim. Aos poucos fui compondo o meu apartamento: uma coisa aqui, outra ali, com um subsídio de férias comprou-se o sofá, com o de natal umas estantes e por aí fora. A televisão que hoje tenho [marca hipermercado em tempo de promoção] foi-me oferecida por amigos de coração num dia de aniversário. Hoje, aquilo que estou prestes a vender não são meia dúzia de cacos velhos que me estorvam o caminho quando entro em casa, não. São as minhas coisas. Cada peça, cada livro foi adquirido com sacrifício ou oferecido por pessoas que me querem muito bem. Todos eles têm uma história. E isto, pessoas, não é uma decisão que se tome assim de ânimo leve. Só que nós não somos as coisas que temos mas os sonhos que acalentamos. As memórias ficam comigo. As minhas coisas, essas, espero que fiquem nas mãos de alguém que as saiba acarinhar. Bem hajam.

* The Pursuit of Happyness: Don’t ever let someone tell you that you can’t do something. You got a dream, you gotta protect it. When people can’t do something themselves, they’re gonna tell you that you can’t do it. You want something, go get it... »


2 comentários:

Maria disse...

Obrigada pelo carinho e pela divulgação.

:)

Henrique Ferreira disse...

Maria,

A frase "O sonho comanda a vida!", não poderia fazer mais sentido!

Boa sorte!