sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Converge, meu amor


Jacob Bannon - Gritos, poesia & pintura
Kurt Ballou - 6 cordas
Nate Newton - 4 cordas
Ben Koller - Baquetas

Os Converge formaram-se em 1990 mas só em 1991 é que começaram a compor e a gravar material (demos) que viria a ver a luz do dia versão longa-duração com "Caring & Killing" (1994), com uma sonoridade vincadamente post-hardcore. O primeiro disco verdadeiramente "debut" é "Petitioning the Empty Sky" (1997): claramente mais agressivo e com notórias influências de thrash metal e algum crossover do início dos anos 80. "The Saddest Day" é a música mais conhecida do disco e um dos temas que mais ovação recebe ao vivo.

"When Forever Comes Crashing" (1998) segue as mesmas pisadas do anterior, apesar de tecnicamente se notar um "boost" interessante, com toques do movimento proto-hardcore técnico liderado por uns Starkweather (vistos ainda hoje como uma referência máxima do movimento mathcore). Daqui saíram bons temas como "When forever comes crashing", "The High Cost of Playing God", "Year of the Swine" ou "Love as Arson". Em 2001 sai aquilo a que eu e muito boa gente define como uma das obras primas da boa música: "Jane Doe". A costela grindcore e noisecore tecnicista revela-se em todo o seu esplendor neste disco de doze faixas, sem esquecer as suas próprias raízes do hardcore cru dos anos 80 de uns, digamos Black Flag, e os riffs da Bay Area ("Homewrecker", "The Broken Vow"). O disco termina em alta com a asfixiante, épica e melódica faixa "Jane Doe". Deste disco não só resulta um dos paradigmas daquilo que já se falava mas que ninguém queria assumir: o mathcore. Tempos complexos e dissonâncias rítmicas que fazem lembrar uma sonoridade mecânica. Mas "mecânica" acaba, de certa forma, por ir contra o som dos Converge, pois se há coisa que a banda ainda mantém desde 1991 é a sua homogeneidade na composição orgânica. Segundo Jacob, a mulher que aparece na capa (e que se tornou no símbolo da banda) não é baseada em nenhuma modelo mas sim fruto de mais um dos seus milhares de desenhos resultantes de experiências e relações sociais e amorosas - aspectos que marcam ainda hoje as letras da banda.

"You Fail Me" e "No Heroes" - 2004 e 2006, respectivamente - foram os discos que se seguiram. Menos caótico que o anterior de 2001, "You Fail Me" tem verdadeiros poemas de amor... Ainda hoje me arrepio quando oiço "Last Light". A "gritaria" de Jacob é intercalada com voz limpa e mesmo instrumentais semi-acústicos ("In her shadow", "Hanging Moon"). "No Heroes" é, de longe, o disco mais pesado da história da banda: produção crua à la noisecore, músicas curtas, tecnicismo, psicadelismo de "Plagues" e mais um marco na história da boa música: "Grim Heart/Black Rose". "O poema" do disco, arrisco. 9 minutos e meio (para contrapor com as restantes curtinhas) de sentimento, amor, sufoco, voz limpa, gritos e um clímax arrepiante - emocionalmente... emocional.

"Axe to Fall" (2009) uma vez mais surpreende ao alargar os horizontes e experimentar novos caminhos. O álbum conta com a participação de membros de Genghis Tron (Hamilton Jordan e Mookie Singerman), Cave In (Steve Brodsky, John-Robert Connors e Adam McGrath), Disfear (Uffe Cederlund), Blacklisted (George Hirsch), The Red Chord (Brad Fickeisen), Himsa (John Pettibone), Neurosis (um tal Steve Von Till) e também Sean Martin, que recentemente abandonou os Hatebreed.

De salientar que no meio da discografia da banda foram lançados EPs e split cds com bandas como Agoraphobic Nosebleed, Dive, Daltonic, Opposition, Coalesce, Brutal Truth, ou Hellchild. "The Long Road Home" de 2003 é um DVD que a banda lançou com uma qualidade de imagem e som que eu, francamente, recomendo apenas a die hard fans.

Vegetarianos/vegan, fans de Black Flag, Coalesce, Godflesh, Entombed, Slayer, Starkweather, Born Against, Black Flag, Agoraphobic Nosebleed e etecéteras, os Converge designam-se simplesmente como uma banda de "Punk Rock".

Eu defino-os como "amor".

Podem seguir o culto em: http://www.convergecult.com/ e http://www.myspace.com/converge







1 comentários:

Tânia Carvalho disse...

Simão,

respeito muito os teus gostos musicais, no entanto não consigo apreciar este estilo musical...demasiado barulho, e tal como descrito no post, gritos...
Apesar de não gostar, tenho em mente que as letras deste tipo de músicas têm normalmente uma mensagem forte, mas também admito que nunca procurei...