segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Estória de um homem sem nome!

Em vez de fotografia, esta semana gostaria de partilhar no "CONCLAVE" e com os seus "dEUSES" uma das minhas "estórias reais", por acaso ocorrida no passado no Porto!


Hoje conheci, apenas por mero acaso um "remexe contentores de lixo"!  
Estacionei o meu carro junto a um dos muitos contentores do lixo existentes na Invicta, e enquanto esperava deparei com um homem, aparentando os seus 60 anos, a remexer os contentores do lixo, pensando eu que procurando comida! Será um sem abrigo que busca nestes contentores alguma comida para sobreviver? Interrogava-me eu! Não, de facto aquele homem, de barba por fazer, estava afinal a trabalhar para o seu patrão, ele próprio! Como mais tarde me confidenciou, esta era a sua profissão nos últimos 20 anos. Depois de o ver remexer e retirar alguns objectos de dentro do contentor, reparei que o homem, fazia uma 2º escolha aos objectos retirados do contentor!
- Boa tarde, tem aí uma bela caneca. Uma caneca antiga que vale dinheiro? disse eu
- Boa tarde, se quiser pode ficar com ela por 5 euros! Retorquiu o homem.
- Não quero obrigado, apenas reparo que é antiga e que lhe pode render algum dinheiro!
-Sim, é para levar a uma casa de antiguidades, sempre me rende dois ou três euros, voltou a frisar o homem!
E lá continuou ele a observar cuidadosamente os objectos e a separa-los. Uns castiçais de zinco, um pequeno faqueiro de aperitivos, um cesto em metal, umas salvas, etc!
- O senhor vive disto? voltei à conversa.
-Sim. Respondeu - esta é a minha profissão nos últimos 20 anos!
- Mas vive sozinho, é um sem abrigo? perguntei
- Não meu jovem, vivo ali mesmo naquele Bairro do Sisa Vieira.
De repente, vai ao bolso, saca de um imen e começa a passá-lo pelas peças. - Este enganou-me bem (referia-se ao cesto) e estas salvas pareciam Prata, mas não servem para nada...não rendem nada.
Voltou então a colocar as duas salvas no lixo, mas o cesto esse voltou a guardá-lo.
- Sabe, por este metal ( o tal que não se agarrava ao imen) ainda me dão 4 euros por quilo.
- Quanto faz por dia? voltei ao ataque
- Depende, posso fazer 30 euros, como posso fazer 80. Já tenho encontrado Ouro, Prata e há uma meia dúzia de anos até encontrei 105 contos num contentor, tudo em notas!
- Isso sim foi um achado...pena não ser todos os dias! disse-lhe. - Posso tirar-lhe uma foto? perguntei-
- Pode, mas não me apanhe a cara...quero continuar a ser mais um anónimo deste país...contento-me com uns contentores de lixo, de preferência com lixo pesado...disse-me com um sorriso!
Lá foi colocando o resto dos restos no seu saco...
- Bom aqui já não faço mais nada. Obrigado pela conversa e boa tarde!
- Boa tarde...retribui eu.
E lá foi o homem com um saco numa das mãos e o cesto de ferro antigo na outra

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